quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Interligados.

Dos olhos espertos, aos caixos dourados
Dos cantos serenos, do toque encorpado
Dos versos pequenos, sabor destilado
Do lábio ameno, do riso engraçado
Parado no tempo, do cheiro exilado
Guardado em meu peito, asfixiado
De tudo que penso... Não tinha pensado!
Nem por um momento, algo abstrato
Pensar ser um vento, eu fico arrepiado
Pensar ser tornado, já fico com medo.

Mas me faço em desenho, a ser rabiscado
Contorne o meu zelo, colore o meu fado
Destaque o desejo, sombreie o meu casco
Alarde o acaso, teste o desapego
Ou corra pro seu quarto, escreva teus anseios
Mergulhe o segredo, em versos ofuscados
Mas deixe o sossego, brotar no seu vaso
Crescer por inteiro, nos teus campos vastos
Pra haver aconchego, na hora do compasso
Seguir no embalo, do meu batimento.

- Quem dirás! Por onde andavas?
Sempre ali... Ao meu lado!
Meu estar, te procuravas...
Bem aqui... Interligado.

Tome o pincel, o cavalete está montado
Coloque o seu quadro, refaça o teu céu.
Que cor será o fim, que fim será contado?
Quando meu retrato, se espelha em ti.
Não há pra que fugir, se está interligado
Estamos condenados, a nunca desistir.
Se arredio no espaço, que ainda lhe resta
Mas acho que essa festa, ganhou um convidado
Por assim ter pensado, entrou por entre a fresta
Da qual te faz incerta, por ter me acertado.

Assis, Giovane.

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