terça-feira, 26 de abril de 2011

Meu Luxo, Meu Lixo.

Hoje a noite faz frio mas nem da nada
Eu fico aqui mesmo onde estou
Sentado no colo da madrugada
Do meu lado pessoas que ontem nunca imaginaria ver
Filósofos, músicos, poetas
Atrizes, cantores e uns bons de conversa.

De "Brejo da Cruz" ao "O Que Será" de Chico eu escutei
Tragos e doses de poesias
Esta noite eu me embreaguei
Agora eu sei que eu não estou só
Que não é só eu que recita poesias de cor
Que enrolam os versos em papeis de botéco
E que então tragam, trazendo assim mais inspiração.

Esta noite vou inalar versos de paixões perdidas
Embebedar-me de estrofes batizadas de melancolia
Injetar doses e doses das melhores canções esquecidas
Neste carnaval de ideias e poesias.

Esta noite vou me perder
No lado escuro da vida
Como me perco em meus vícios
Mas também vou me achar meu bem
Porque o desencontro é a saída
Como me encontro em meus discos
Como me atuo em meus livros
Como me apaixono pelos meus delírios
Seguindo assim sempre perdido
Entre versos discretos como um grito.

E assim siga consigo
O seu belo par de sorriso
O seu lindo nariz erguido
Atraído e alimentado de capitalismo
Enquanto vocês se perdem em seu luxo
Eu me encontro em meu lixo.

Assis, Giovane.

A Tradução Do Que é o Caos.

A natureza mostra sua fúria
A tradução do que é o caos
Com legenda e dublê em todas as culturas
E é tudo manchete de jornal.

O Cristo Redentor vai abraçar o chão
E as ondas vão te levar
Inveja, mentira e muito ódio no coração
E a desgraça com cara de popstar.

O mundo e a vida
Estão virando história
E é tanta coisa
Que está me faltando a memória
O mundo e a vida
No final da reta
Tanta coisa pra se preocupa
E por idéias pequenas
Vocês fazem guerras
Por pequenas idéias.

As pestes urbanas estão em todo lugar
Traficante, bandido coisa e tal
O exemplo tradicional familiar
E o meio justifica o fim fatal.

E cúmulo do disperdicio de capital
Esta em tudo que se vê
A pátria pobre sem nenhuma moral
E a desgraça novamente o astro da Tv.

O mundo e a vida
Estão virando lenda
E você será que arrisca?
Em deixar a luz acesa
O mundo e a vida
Um conto longo e curto
Um papo entre mudos
De idéias ignorantes
E um diálogo de surdos se estréia
De ignorantes idéias.

Mas eu tenho esperança
Faço um bolão de apostas
Mas o soldado mal joga a lança
Mata Jesus pelas costas.
Ele matou Jesus pelas costas.
Pelas costas.

Amor Platônico.

Só se for à dois
Só se for mútuo
Que seja agora e não depois
Aceite e eu grito pra todo mundo.

Oh meu amor não demore pra decidir
Eu to com pressa e já criando planos anônimos
Já começando a me iludir
Apreciando meu amor platônico.

É platônico
Impossível
Me trás insônia sem cronômetro
Uma olheira horrível.

Me deixa louco
Escrevendo besteiras a noite inteira
Rimando nada com nada
Umas poesias cheias de sujeiras.

Não posso chegar perto
Nem demonstrar o meu amor
Preciso sossegar
E improvisar, virar ator.

Fazer um teatro pra você
Não descobrir o que esta havendo
Falar de outra, sei lá, vou embromando
E assim eu continuo escondendo.

Profissional em te idealizar
O meu foco certo
Sem possibilidades de errar
Mas estou perdido como um sem teto
Porque não posso me aproximar
Oh! é tudo platônico, sem gestos
Porque não posso me aproximar
É amor platônico, amor honesto
E quem decide tudo sou eu.

Assis, Giovane.

Overdose De Amor.

Eu quero um "teco" pra eu acordar
Pra ver se eu saro dessa dor
Um amor pra eu amar
E esquecer o que se foi.

Eu quero cantar pra você
As minhas poesias de muleque
Te fazer carinho
Grudar feito um chiclete.

Porque eu sou ariano,
Eu quero, eu quero
Você só pra mim
Eu sou ariano,
Eu quero, eu quero
E não quero dividir.

Eu quero cheirar o seu corpo
Tragar do teu hálito
Beber da sua saliva
Injetar o seu orgasmo.

Doses de você
Pra mudar o meu histórico
Doses de você
Pra me causar um coma melancólico.

Eu quero alguém pra idealizar
Alguém que me tire dessa solidão em que estou
Ter um alguém pra eu usar
Até me causar uma overdose de amor.

Porque a única loucura que eu conheço meu bem
Sem dúvidas é a de amar sem medo
E eu estou disposto a encarar
Todo este manicômio do desejo.

Assis, Giovane.

Quando Digo Que Estou Apaixonado...

Quando digo que estou apaixonado
Saiba que não é mentira
Não quero tirar proveitos meu bem
É sincero e sem malícia.

Quando digo que estou apaixonado
É porque estou
E é intenso, é triplicado
É porque você me ganhou.

Quando digo que estou apaixonado
Não pense que é ilusão
Eu sou assim, exagerado
Porque no exageiro eu vejo a perfeição.

Baby, eu vou recitar poesias o dia todo pra ti
Galhos e galhos na fogueira para arder a brasa
Olho no olho, hipnotizando-me
E depois te fazer sentir-se em casa.

Quando eu deixar escapar um "eu te amo"
E você me olhar assustada com a frase
Não se importe...
É que a paixão passou para a próxima fase.

E também porque eu sou carente demais
E você me intende como ninguém
E sim eu sou capaz
De me jogar de um trem.

Porque por um amor real eu deixo tudo
Banco o surreal neste mundo
Mas me de os laços não as algêmas
Me ames, por favor não me prendas
Me de a sua mão que eu à beijo
Demonstro todo meu afeto
Todo o meu desejo.

Assis, Giovane.

Não Sou Homem.

Há luz do sol
Há luz do luar
Não importa meu bem
No inverno vem que tem
No verão te dou calor também
Na primavera também convém
E no outono porque não, meu bem!

Pois não sou homem de estações, e também
Não sou homem de temporais
Não sou homem de vai e vem
Não sou homem de carnavais
Não sou homem de fazer o que bem
Entende com uma mulher
Não sou homem de mal
Não sou homem de bem
Não sou homem de fé
Não sou homem de ninguém.

Sou apenas frases
Versos e viagens
Sou melodias de passagem
Amores de bagagem
Paixões de sacanagem
Com ilusões de coragem
Piadas de humildade.

Para de fingir que não gosta
E pare de tentar esconder as respostas
Eu estou em todas elas e faço uma aposta
De que se eu virar de costas
Você vem atrás como uma saudade!

Assis, Giovane.

A Flor Sem Amor.

Nem sei quem é
E veio me pedir um trago
De uma aparência suja e amarga
Nos teus braços as marcas de calçadas
De um coração e uma mente mal amada.

Baby, eu sou da rua
Eu sou da calçada
Me veêm como um indigente
Mas eu sou de família fiel
De família crente.

Oh, minha vida minha vida murcha
Como uma flor mal entregada
Sem amor
Mal regada
Escassa de minhas lágrimas
Negado e reprimido
Como um qualquer
Como o dito inimigo.

Na Rua.

É na rua que se aprende a fazer negócio
Na rua que é o lugar de se ganhar respeito
São nos lugares mais obscuros que se encontram os melhores sócios
E é lá também que se escutam os melhores conselhos.

Os maiores filósofos estão logo ali na praça
Sentados nas esquinas distribuindo reflexões
Sujos por fora por dentro almas lavadas
Ajoelhados em suas casas fazendo orações.

Eles são tão normais
Como você, são meros mortais
Pra quê um teto? Só pra os prender?
Não sentem medo da vida, e nada vai os convencer.

Eu tô na rua
Você na minha
E eu na sua
Eu tô na rua
E a realidade come solta
Núa e crua.

Um trocado daqui, um trocado de lá
E vão correndo se alimenta
E se sobrar, uma dose de pinga com limão
E um "baseado" pra aliviar o coração.

Um papelão é um colchão castor
Um trapo velho as vezes faz mais calor
Uma cascata, banheiro de burguês
Na faculdade da vida
Dão aula de cor para vocês.

Assis, Giovane.

Amiga Lua.

Todos os dias eu sento na minha varanda
E fico olhando, esperando sozinho
A noite chegar
Um cafézinho, um chá, um conhaque ou um vinho
Cigarros para acompanhar
A minha brisa poética
Meu ritual particular
Meu café com ideias comigo mesmo.

E eu não me canso de esperar
E o crepúsculo está pra chegar
Quando de repente o tempo fecha
E começa a chover
E o cenário muda em instantes
E o que era limpo e organizado
Agora é totalmente ao contrário
Lama, entulho, barraco e gente pelo chão
O desespero, o medo, e o sangue quente de emoção.

OH! Minha amiga lua
Onde estas você
Para tomarmos uma taça de vinho
Para escrevermos poesias melodramáticas
E para me ouvir chorar de amores não correspondidos
E insatisfação social!

OH! Minha amiga lua
Porque se escondes atraz deste véu
Porque se escondes atraz deste céu doente de São Paulo
E quase todos nós somos suspeitos de tudo isso.

Pra onde é que essa gente vai?
De onde é que essa gente é?
Infelizmente pro governo tanto faz
Pro governo tanto faz se ainda existe fé.

Você aí sentado no sofá
Consumindo alienação
Digerindo futilidade
E defecando o egoísmo
Levante e faça algo construtivo
Pense no coletivo
No bem-estar dos teus futuros filhos.
Pare de reclamar de sua vida
E da vida alheia
Tem gente que come lixo com bicho e areia.

E isso tem nome
Isso se chama sobrevivência
Então entenda, somos bichos
Com um pouquinho mais de inteligência!

OH! Minha amiga lua
Ajude-me a iluminar este povo aculturado
Consumista e acomodado
A enfrentar a verdade cara a cara
Ajude-me a abrir os olhos dos machistas
E envenenar-lhes com um pouco de sentimentalismo
Dê um tapa na cara destes meros mortais
Pois sei que virá outros temporais
Outros carnavais
E depois de tudo isso ainda digo
Que serão todos iguais.

Assis, Giovane.

Realidade Cruel.

Nesse país tropical, lindo de morrer
Eis apenas a casca, irei mostrar-lhe agora
A parte podre da maçã, e você irá ver
Aqui acontece desde pedofilia à tráfico de drogas.

E agora, revelarei as verdadeiras lendas urbanas desse povo
Porque eis tão sujo assim? Tudo tão explícito
Criança, porque vendestes o teu corpo?
Tua mãe queres alimentar o vício?

Mãe, porque abandonastes o teu filho?
Não tem condições de amamentar o sangue do teu sangue, o sangue puro?
Pai, não tem coragem de assumir seu próprio espermatozóide?
Porque trazestes então, uma criança inocente ao mundo?

Amigo, porque matastes uma vida?
Porque roubastes? Sei que não eis pela comida
Porque está todo acelerado na avenida?
Esperando as pérolas amarelas que alimentam sua fantasia?

Amigo, porque eis tão violento, porque eis assim, tão desumano?
Porque estas assim, tão estressado, porque eis assim tão banal?
Saca sua arma e mete um tiro na cabeça de um ser humano
E alimente o remorço de tirar uma vida, morra com essa fatalidade fatal!

Porque estas na rua meu amigo?
Sei bem como é, eles tiram tudo o que você tem
Te deixam perdido no mundo
Mas o que eu não entendo, é que você ajoelha, e ainda diz amém!

Rico? Pobre? Classe média? Classe alta?
O que isso significa?
Isso faz tanta diferença assim?
Eu não entendo, me explica?

Porque tanta desigualdade assim amigos e amigas?
Porque tanto preconceito?
Só pobre que rouba? O nome disso não é sofisma?
E onde se encaixa ai, o centro das roubalheiras que estas hoje denominado Brasília?

E essa é a realidade cruel em que vivemos
Toda fachada é linda, mas procure saber o que há por dentro
Porque o mundo não é assim tão perfeito
A vida não é só comodismo, consumismo, a vida é cheia de defeitos
Há coisas mais importantes do que uma bela casa e um belo carro
Há coisas mais importantes do que uma roupa de marca e um caríssimo sapato
Princezinha dos sapatos de cristal, príncipe do casaco fino
Chegou a hora de acordar, pois o mundo não é assim tão lindo
Não eis assim tão colorido, eis cinza, eis escuro, escuridão
Matança, roubalheira, assassinato, alguns simples exemplos de toda essa podridão.

Assis, Giovane.