terça-feira, 26 de abril de 2011

Amiga Lua.

Todos os dias eu sento na minha varanda
E fico olhando, esperando sozinho
A noite chegar
Um cafézinho, um chá, um conhaque ou um vinho
Cigarros para acompanhar
A minha brisa poética
Meu ritual particular
Meu café com ideias comigo mesmo.

E eu não me canso de esperar
E o crepúsculo está pra chegar
Quando de repente o tempo fecha
E começa a chover
E o cenário muda em instantes
E o que era limpo e organizado
Agora é totalmente ao contrário
Lama, entulho, barraco e gente pelo chão
O desespero, o medo, e o sangue quente de emoção.

OH! Minha amiga lua
Onde estas você
Para tomarmos uma taça de vinho
Para escrevermos poesias melodramáticas
E para me ouvir chorar de amores não correspondidos
E insatisfação social!

OH! Minha amiga lua
Porque se escondes atraz deste véu
Porque se escondes atraz deste céu doente de São Paulo
E quase todos nós somos suspeitos de tudo isso.

Pra onde é que essa gente vai?
De onde é que essa gente é?
Infelizmente pro governo tanto faz
Pro governo tanto faz se ainda existe fé.

Você aí sentado no sofá
Consumindo alienação
Digerindo futilidade
E defecando o egoísmo
Levante e faça algo construtivo
Pense no coletivo
No bem-estar dos teus futuros filhos.
Pare de reclamar de sua vida
E da vida alheia
Tem gente que come lixo com bicho e areia.

E isso tem nome
Isso se chama sobrevivência
Então entenda, somos bichos
Com um pouquinho mais de inteligência!

OH! Minha amiga lua
Ajude-me a iluminar este povo aculturado
Consumista e acomodado
A enfrentar a verdade cara a cara
Ajude-me a abrir os olhos dos machistas
E envenenar-lhes com um pouco de sentimentalismo
Dê um tapa na cara destes meros mortais
Pois sei que virá outros temporais
Outros carnavais
E depois de tudo isso ainda digo
Que serão todos iguais.

Assis, Giovane.

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